Preço do aço deve ficar estável, mesmo com pressão de estoques - 25/07/2011


O preço do aço plano deverá se manter estável durante o terceiro trimestre do ano, apesar da pressão por descontos pela rede de distribuição, que está estocada. Segundo um distribuidor independente de aço, que pediu para não ser identificado, o preço não foi reduzido pelas siderúrgicas, mas já caiu cerca de 7% nos últimos 60 dias na distribuição.

"As siderúrgicas conseguiram no primeiro semestre um aumento de cerca de 5%, mas o problema é se eles irão conseguir manter essa alta, já que a pressão está muito grande", afirmou. O distribuidor disse, ainda, que o mercado deverá, nesse momento, analisar os estoques de aço nos próximos 60 dias, para verificar se haverá uma reversão da tendência. "Esse será um período de pressão. Não sei se o preço vai mudar, mas a pressão para cair vai existir", disse. O distribuidor entende que esse cenário vai persistir, no mínimo, nos próximos 90 dias.

Os estoques dos distribuidores de aço estão muito acima da média desde o ano passado. Em maio - último levantamento realizado -, os estoques estavam em 3,7 meses, com 1,26 milhão de toneladas. De acordo com o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), esse volume representa um avanço de 20,9% em relação ao mesmo mês de 2010. O estoque normal seria em torno de 2,8 meses.

"O que temos certeza é que não haverá aumento de preços pelas siderúrgicas no terceiro trimestre. Os estoques estão altos e o dólar desvalorizado", disse o presidente do Inda, Carlos Loureiro. Segundo o executivo, apesar dos distribuidores estarem brigando por uma queda de preços, as usinas não sinalizaram uma mudança.

Neste ano, as usinas estão atentas para não deixarem crescer os prêmios do aço nacional em relação ao mercado internacional, já que a preocupação em relação às importações é eminente. Em 2010, quando a diferença entre o preço nacional e importado chegou a passar os 20%, o volume de importação cresceu e contribuiu para elevar os estoques da distribuição. Esse processo desencadeou a partir do segundo semestre a promoção de descontos pelas siderúrgicas.

Segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil (IABr), as importações de produtos siderúrgicos no acumulado de 2011 até maio somaram 1,4 milhão de toneladas, uma queda de 38,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O gerente de renda variável da Modal Asset Management, Eduardo Roche, no entanto, acredita que a tendência para o preço do aço no mercado brasileiro é de queda. "Ainda depende de alguns fatores. O câmbio tem atrapalhado muito, o que encarece o aço brasileiro em dólar", afirmou, lembrando que esse fato pode ampliar o prêmio do produto brasileiro e ampliar a ameaça do aço importado. "Além disso o preço lá fora começou a ceder. O segundo semestre será bem afetado, também com uma pressão de custo para as siderúrgicas", frisou.

Segundo informações da consultoria de preços de aço, The Steel Index (TSI), o preço da bobina a quente (HRC, Hot Rolled Coil) chegou a subir nos Estados Unidos e Europa nos meses de janeiro e fevereiro, mas voltou a recuar a partir do mês de março. O presidente do Inda afirmou que, levando-se em conta vantagens fiscais, o prêmio do aço plano brasileiro está , em média, entre 5% e 9%.

Fonte: Infomet / Agência Estado - 20/07/2011