A força da produção siderúrgica da China - 23/08/2011


Os altos-fornos da indústria chinesa de aço, de janeiro a agosto, despejaram 410 milhões de toneladas de aço no mercado, conforme dados publicados hoje pela World Steel Association (WSA). Esse volume retratou um ritmo de crescimento de 10,3%, em linha com a expansão econômica do país.

A grande pergunta que se faz é até quando o consumo interno da China vai absorver esse volume mastodonte de aço. Obras de infraestrutura e o mercado imobiliário são duas forças locais que puxam o consumo de produtos siderúrgicos.
De outro lado, há a indústria de bens de consumo duráveis, como automóveis e eletrodomésticos e máquinas, hoje com musculatura global, também como importante consumidora.

Mensalmente, a produção das usinas chinesas já beira 60 milhões de toneladas, quase o dobro do total do Brasil durante todo um ano, aponta a WSA. Nesse ritmo, o parque siderúrgico da China - formado por várias centenas de usinas de todos os tamanhos -, pode atingir no ano a marca de 700 milhões de toneladas de aço bruto.

O país respondeu por 46% da produção mundial de aço neste ano em sete meses. Em julho, com 59,3 milhões de toneladas, o índice ficou em 46,5%. Esse desempenho, por outro lado, deixa muito felizes as mineradoras de ferro e de carvão, as duas principais matérias-primas do aço. Vale, Rio Tinto e BHP Billiton continuam sustentando a maior parte de suas vendas no mercado chinês.

O grande receio do Ocidente, no entanto, é a saturação doméstica da demanda chinesa de aço, levando os fabricantes locais a buscar mercados fora do país e da Ásia para desovar seus produtos.

O Brasil, por exemplo, no ano passado, viu seu mercado ser invadido por aço estrangeiro. Quase um terço das 5,9 milhões de toneladas tinha como origem a China.

Projeções da WSA apontam consumo chinês de produtos finais de aço em 599 milhões de toneladas em 2011, o que representa 3,5% acima do ano passado. No mundo, a estimativa é de 1,34 bilhão de toneladas.

Representantes da siderurgia brasileira se preocupam com o elevado excesso de oferta de aço no mundo. A capacidade extra das usinas é estimada em mais de 550 milhões de toneladas.
A produção global de material bruto poderá alcançar 1,52 bilhão de toneladas este ano , um acréscimo de 8% sobre o volume de 2010. Já a previsão para o consumo em 2011, antes da nova onda de crise nos EUA e na Europa, era de 5,3%, conforme as projeções da WSA.

Fonte: Ivo Ribeiro | Valor - 23/08/2011