Preço do aço dá novo brilho à siderurgia nos EUA - 26/12/2012


O ano está terminando bem para as siderúrgicas americanas.
O aumento das vendas de carros, máquinas agrícolas e equipamentos para a exploração de petróleo levaram as siderúrgicas a reajustar preços e a ampliar a produção depois de enfrentarem dificuldades este ano, quando a recuperação econômica dos EUA se estagnou e a crise da dívida europeia se agravou.
A Gerdau, sediada em Porto Alegre, vai investir US$ 67 milhões para aumentar a produção na unidade de Monroe, em Michigan, nos EUA, que faz aço para os setores aeroespacial e de defesa. A siderúrgica russa OAO Severstal abriu uma nova fábrica no mês passado em Columbus, Mississippi, um projeto de US$ 550 milhões que dobrou a capacidade anual instalada, para 3,4 milhões de toneladas.
"Se você tirar [a União Europeia] da equação, tudo parece estar muito bem", disse Lou Schorsch, responsável pelas operações de aço carbono plano da ArcelorMittal nas Américas do Norte e do Sul. A ampliação da Gerdau em Michigan foi o "resultado da nossa confiança na recuperação e crescimento do mercado norte-americano", disse recentemente o diretor-presidente André Gerdau Johannpeter.
ArcelorMittal, AK Steel Holding Corp., Nucor Corp. e Severstal reajustaram há pouco tempo os preços do aço laminado a frio e a quente usado pelo setor automotivo. Depois de quedas anteriores no ano, os preços do aço subiram 25% desde 2 de novembro, e algumas processadoras, por exemplo, aumentaram de US$ 600 para US$ 750 a tonelada de laminado a frio, fazendo pressão de alta sobre produtos que vão de carros a máquinas de lavar.
.Tom Marchak, um vice-presidente da Severstal para a América do Norte, disse que os preços tinham previamente se desvalorizado por 33 semanas e que a demanda alcançou um nível "que permite esses aumentos".
As entregas totais feitas pelas usinas de aço instaladas nos EUA alcançaram 76,4 milhões de toneladas nos primeiros 10 meses de 2011, ante 69,7 milhões de toneladas no mesmo período de 2010.
Ainda assim, os produtores permanecem cautelosos, observando que os EUA ainda estão se recuperando da recessão e que os ganhos podem se estagnar, caso as empresas e os consumidores fiquem inquietos com a situação. Alguns mercados, incluindo o de construção, continuam fracos e suas perspectivas são incertas. As margens de lucro permanecem apertadas, em grande parte devido aos custos de matéria-prima e de energia, e alguns produtores estão alertando que o aumento das importações e da produção poderia corroer os preços. A Nucor soltou um alerta sobre o seu lucro na semana passada, informando que o crescimento das importações e da oferta doméstica estava reduzindo seus preços e margens.
As importações americanas de aço subiram 14,5% nos primeiros 10 meses de 2011, devido à força do mercado e dos preços nos EUA, e ainda poderiam aumentar bastante no próximo ano, se o crescimento da China, que faz metade do aço produzido no mundo, se desacelerar muito. A economia europeia também pode piorar, prejudicando os bancos e as empresas em todo o mundo.
"As pessoas ainda estão assustadas com o potencial de desaceleração da UE e da China", disse Schorsch, da Arcelor.
Os EUA, disseram Schorsch e outros, estão se destacando em relação a outras regiões. "Existe algum brilho", disse Alan McCoy, um porta-voz da AK Steel.
Como parte do mercado automotivo mais forte, as montadoras dos EUA devem produzir 13,4 milhões de veículos em 2011, ante 10,4 milhões de unidade em 2009, de acordo com a Aliança de Produtores para Produtividade e Inovação. As entregas de aço, chapa de aço laminado e bobinas de aço, usados pelo setor automotivo, subiram 11,9%, para 44,1 milhões de toneladas nos primeiros 10 meses de 2011, em relação a um ano antes.
Richard Robinson, presidente da Norfolk Iron & Metal, empresa que compra e distribui aço para montadoras de veículos e outras indústrias, disse que a demanda por chapas pesadas de aço laminado está alta "graças ao agronegócio e aos esforços de exploração de gás" nos EUA. Como consequência, ele espera que os recentes aumentos de preços se mantenham "pelo menos no curto prazo".
Existem alguns pontos sombrios. Robinson está vendendo menos aço para os fabricantes de refrigeradores, máquinas de lavar e outros eletrodomésticos, que costumam ser grandes compradores de aço. Grandes produtores de eletrodomésticos, como a Whirlpool Corp. e a Electrolux AB, cortaram empregos e reduziram a produção recentemente por causa das vendas fracas.
 

Fonte:  JOHN W. MILLER - The Wall Street Journal