Alta do aço vai beneficiar Usiminas (21/02/2011)


O aumento de preços dos produtos siderúrgicos previsto para março levou a Bradesco Corretora a recomendar, na sexta-feira, a volta dos investidores da Usiminas às ações preferenciais da companhia. As usinas instaladas no país devem anunciar uma alta nos preços entre 8% a 13% em março, depois de terem dado descontos para suplantar a concorrência das importações de aço.

O fato sinaliza uma reversão de tendência do cenário ruim que as siderúrgicas têm enfrentado desde o ano passado, segundo o analista Raphael Biderman.

O conselho de Biderman foi reforçado com a divulgação do comunicado da Usiminas surpreendendo o mercado com medidas de blindagem do bloco de controle até 2031.

O comunicado levou a ação ordinária da Usiminas a terminar o dia em queda de 1,26%, cotada a R$ 26,47, depois de ter batido em R$ 28,30 na terça-feira. O papel subiu 5,92% no mês, 23,98% no ano e 10,19% nos últimos doze meses. Já ação PNA subiu 3,59% na sexta, com cotação de R$ 21,03. Na terça, seu valor era de R$ 18,80. No mês, o papel teve elevação de 8,23%, enquanto no ano registra valorização de 9,76% e, nos doze meses, amargou uma queda de 12,59%.

Na análise da Bradesco Corretora, esse comportamento dos títulos da Usiminas deve permanecer, depois de altas consecutivas da ON, enquanto a PN despencava face as investidas da CSN, empurrando o "spread" entre os dois papéis ao patamar histórico de 50% em meados da semana passada. O preço justo da ação fixado pelo relatório da Bradesco é de R$ 29 no fim do ano.

Ao divulgar o novo acordo de acionistas, a direção da Usiminas afastou a possibilidade de mudança de controle na companhia. O mercado chegou ao "alerta vermelho" quando a CSN captou R$ 2 bilhões na Caixa Econômica Federal, mesmo sendo dona de um cofre recheado de R$ 11,5 bilhões em setembro.

A expectativa era de que a siderúrgica de Benjamin Steinbruch se preparava para fazer um lance estratégico, depois de anunciar a disposição de comprar até 10% dos papéis da Usiminas no mercado. As mudanças anunciadas pelo Usiminas indicam que pelo menos até 2031 o controle da siderúrgica dificilmente será alterado.

O cenário da Bradesco Corretora para a Usiminas é otimista. Além de afastar o risco de mudança imediata no controle, o texto diz que a alta de preços poderá contribuir para melhorar o balanço, que deverá fechar o quarto trimestre de 2010 com uma margem de lucro antes de juros impostos, depreciação e amortização de 12%, muito baixa. Isso revelaria problemas operacionais, principalmente em relação a questão dos descontos que a siderúrgica teve que dar - entre 5% a 15%, segundo fontes do setor de aço - para garantir mercado para seus produtos, principalmente a chapa grossa.

O último informe do Instituto Aço Brasil (IABr) sobre o desempenho da indústria de aço brasileira em janeiro, reforça a expectativa de melhores dias para a usina mineira. O boletim mensal do IABr informa uma queda substancial de 33,7% na importação de aços longos na comparação de janeiro de 2011 com janeiro de 2010 e de 46% ante dezembro. O volume de estoques também despencou, caindo de 4,3 meses em dezembro, para 3,6 meses em janeiro de 2011. O normal é um estoque de 3 meses. Para completar, o IABr levanta ainda que as vendas de aços planos no mercado interno subiram 2,4% em janeiro ante igual mês de 2010, notícia positiva para a Usiminas.

Para a Bradesco Corretora, esses bons indicadores ainda não deverão aparecer no resultado do balanço da empresa no primeiro trimestre, que ainda vai apresentar margens comprimidas. Mas a partir do segundo trimestre a situação deve melhorar bastante para a Usiminas e o setor siderúrgico como um todo, a partir da alta de preços do aço na Europa. O ano de 2012 é visto pela Bradesco Corretora como o ano chave da Usiminas. Pois ela vai começar a exportar minério pelo porto Sudeste da MMX e produzir laminado a quente melhorando seus custos e a receita. Será uma mudança de paradigma, prevê a Bradesco Corretora.
 

Valor Econômico - 21/02/2011