Barclays pede cautela aos investidores com ações de siderúrgicas (18/04/2011)


Apesar dos papéis das companhias do setor estarem baratos, banco britânico mantém a defensiva por conta da deterioração das condições de mercado

A deterioração das condições de mercado no setor siderúrgico fez o banco britânico Barclays Capital reduzir nesta sexta-feira (15) suas projeções para a Metalúrgica Gerdau, CSN, Gerdau e Usiminas, mesmo apesar das ações destas empresas estarem praticamente baratas. A recomendação para todo o setor é de manter os papéis.

Em relatório, os analistas Leonardo Correa e Renato Antunes diminuíram em aproximadamente 10%, em média, suas estimativas para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) das companhias do setor siderúrgico.

As alterações nas projeções foram feitas para incorporar os efeitos negativos da valorização da moeda brasileira frente ao dólar, além do aumento de preços do aço inferior ao visto em outros períodos (atualmente a alta no custo de aços planos é de 7%, abaixo dos 10% de antes, e para aços longos é de 6%, contra 8% projetados no passado).

O Barclays destaca ainda que atualmente o aço é negociado em torno de 680 dólares por tonelada (13% a menos do que o observado em fevereiro). O corte nas projeções de siderúrgicas ocorre dias após Correa e Antunes terem alertado o mercado sobre seis motivos para não apostar nas companhias do setor.

Avaliação

Na lista de preferência do banco britânico, a Metalúrgica Gerdau (GOAU4) aparece em primeiro lugar. O preço-alvo para dezembro de 2011 foi reduzido de 39 reais para 35 reais por cada ação. A recomendação é overweight (alocação acima da média do mercado). Para a Gerdau (GGBR4), o preço-alvo caiu de 28 para 25 reais por papel. A recomendação é equal weight (alocação igual a média do mercado).

Apesar das reduções, os analistas alertam que a potencial monetarização dos ativos de minério de ferro da Gerdau pode alavancar as ações da companhia. Além disso, os resultados da empresa no curto prazo devem melhorar, ao mesmo tempo em que o Barclays prevê uma pressão menor no impacto dos custos de matérias-primas em suas operações.

A CSN (CSAN3) teve seu preço-alvo rebaixado de 36 para 33 reais, com recomendação equal weight. Segundo Correa e Antunes, nos preços atuais, é mais interessante manter um portfólio com Vale, MMX e Gerdau do que a CSN, para “participar melhor dos fundamentos do minério de ferro”, sugerem. Eles acreditam que a gestão de caixa, os riscos de fusão e aquisição e o prêmio menor em relação as ações da Vale elevam a cautela sobre a companhia comandada por Benjamin Steinbruch.

Já em relação a Usiminas (USIM5), o preço-alvo foi cortado de 25 para 22 reais, com recomendação equal weight. Para o Barclays, os efeitos da valorização do real, os riscos relacionados aos preços do aço e a pressão dos custos das matérias-primas são ainda maiores no caso da Usiminas. Além disso, a empresa se destaca como a mais impactada pelas mudanças estruturais da indústria siderúrgica brasileira.

Fonte: Exame - 18/04/2011