Brumer não acredita em assento da CSN no conselho da Usiminas (26/04/2011)


O presidente da Usiminas, Wilson Brumer, não acredita que a CSN terá direito, no curto prazo, a um assento no conselho de administração da siderúrgica. A possibilidade veio à tona depois que a CSN anunciou ter adquirido 10% das ações ordinárias da Usiminas no mercado.

"É uma decisão estratégica, uma decisão de investimento da CSN e que não cabe a nós, como executivos, discutir [a compra das ações]. Se ela vai ou não ter condições de colocar um membro no conselho de administração da companhia, certamente a assembleia de acionistas é que vai decidir", disse Brumer, que participou de evento no Palácio Guanabara, sede do governo do Estado do Rio de Janeiro.

"Neste momento ainda não. Não temos nenhuma eleição de conselho de administração nos próximos dias. Só temos [reunião para decidir o] mandato de conselho no ano que vem", acrescentou.

Brumer não deixou claro o que diz o estatuto da companhia sobre o percentual de ações ordinárias necessário para que um acionista tenha direito a uma vaga no conselho da siderúrgica.

Questionado sobre a possibilidade de a CSN entrar no bloco de controle da companhia, o executivo lembrou que Nippon Steel, Votorantim, Camargo Corrêa e o Fundo de Pensão Usiminas, que compõem o bloco, têm, juntas, 53,9% das ações ordinárias da empresa.

"Precisaria da concordância desses acionistas, que não têm nenhuma razão de ser de admitir um outro parceiro", ressaltou Brumer. "É um assunto jurídico, que certamente nossos advogados estão analisando", frisou.

O presidente da companhia também fez questão de afirmar que o comunicado do Fundo de Pensão Usiminas divulgado recentemente diz apenas que a instituição está fazendo uma avaliação do quanto valem os 10,1% de ações com direito a voto que possui.

"Eles não estão vendendo essa participação", garantiu, acrescentando que não comentaria os rumores sobre uma aproximação entre o fundo e a Gerdau, que também estaria interessada em uma participação na Usiminas.

Brumer também evitou confirmar reajustes nos preços do aço e falou que ainda há negociações. O executivo explicou que este ano houve aumento do preço do aço em todo o mundo, em função da pressão de custos do minério de ferro e carvão, mas ponderou que há uma sobra anual de cerca de 600 milhões de toneladas de aço por ano no mundo.

"Temos que trabalhar com a realidade de que há excesso de oferta de aço no mundo. Indústria hoje cada vez mais fala em aumento de competitividade do que em aumento de quantidade", disse, lembrando que a siderurgia brasileira cada vez mais pratica preços a níveis internacionais, apesar de problemas de logística inadequada, de capital de giro e de assistência técnica no Brasil.

"Não vai faltar aço [no Brasil]", disse Brumer, que se mostrou otimista em relação a futuras licitações da indústria naval brasileira.
Apesar de admitir como saudável a concorrência internacional, Brumer cobrou uma postura mais ousada do Brasil na defesa da indústria nacional. Neste sentido, cobrou medidas mais céleres contra a prática de dumping.

"No Brasil, somos muito lentos em relação a isso", disse, ressaltando que que uma ação de investigação de dumping contra sete produtos importados demorou um ano para começar. "Importamos 5,8 milhões de toneladas de aço no ano passado e 4,2 milhões de toneladas de produtos com aço. Isso é mais que a Usiminas toda", criticou.

Fonte: Rafael Rosas | Valor - 26/04/2011