CSN vai tentar impedir importação de aço (04/05/2011)


A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou que vai realizar diversos movimentos na cadeia produtiva para evitar a importação de aço, que, no ano passado, atingiu níveis muito elevados devido à crise financeira que derrubou os preços no mercado internacional e levou empresas a realizar estoques.

O diretor comercial da CSN, Luiz Fernando Martinez, afirmou nesta quarta-feira que o patamar atual de importação ainda é alto no país. Ele participou de teleconferência com analistas sobre o resultado da companhia.

Segundo Martinez, no ano passado, as importações chegaram a cerca de 25% do consumo. Hoje, estariam em torno de 12%. Mas o patamar ideal para que a indústria nacional conseguisse digerir, na opinião do diretor, seria em torno de 8%. "Mais do que isso é um absurdo e seria um desastre para as cadeias produtivas", acredita.

Ele afirmou já realizar movimentos na cadeia de utilização de aço para impedir a entrada de material importado no país. Começam as negociações com montadoras e a expectativa é de que essas conversas estejam mais claras no segundo semestre.

O diretor da CSN acredita que as importações em abril já devem ser mais baixas do que a média registrada no primeiro trimestre do ano. A importação de produtos laminados a quente caiu 50% nos primeiros três meses do ano e a de produtos a frio, 60%. Apenas a queda de zincados ficou abaixo do esperado, com 30%.

De qualquer forma, ele admitiu que, se o câmbio chegasse a R$ 1,63, "já ajudaria muito" a reduzir as importações. Na terça-feira, o dólar teve alta de 0,82% e fechou cotado a R$ 1,589.

No entanto, Martinez considera que hoje há muitas variáveis a favor "da não continuidade" da importação, pois não valeria a pena correr o risco de importar apenas em decorrência do câmbio. Além disso, o diretor enxerga a possibilidade, inclusive, de realizar aumentos de preços.

"A gente trabalha de maneira cirúrgica no que diz respeito ao aumento de preços. A gente já implementou aumento na distribuição e na construção civil. Ainda teria espaço para mais", disse.

Ele acredita que haverá, inclusive, um reajuste internacional de preços de produtos siderúrgicos. "Hoje o mercado é orientado pela demanda da China e o custo no mundo. Não dá para a usina siderúrgica ficar dando prejuízo por muito tempo. Ninguém vai trabalhar para fazer prejuízo e perda", afirmou.

Os preços do minério de ferro atualmente são controlados pela demanda chinesa, enquanto o aço é controlado pelos custos, acredita Martinez. Mas a situação das matérias-primas foi considerada muito favorável a um aumento, "ainda que discreto", no segundo semestre.

A expectativa é de que os estoques sejam equalizados em um patamar confortável este mês. Em fevereiro, chegou a um patamar considerado ideal, de 2,7 meses, com falta inclusive em algumas distribuidoras. Mas em março, por conta dos preços, houve um aumento de estoques, que deve ser estabilizado agora.

Fonte: Juliana Ennes - Valor - 04/05/2011